O médico e professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da UFRGS, Alexandre Zavascki, descarta ganhos na adoção de tratamentos precoces.
- É um desserviço à saúde pública e à saúde da população de Santa Maria querer propagar isso. Não existe tratamento precoce ou preventivo para o coronavírus. A prescrição de kits, infelizmente, foi uma invenção feita por alguns médicos, que se valeram das redes sociais para difundir isso - pontua.
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Zavascki atenta aos danos colaterais que acabam por sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde:
- Não há tratamento milagroso. Não se pode permitir que façamos das pessoas cobaias. Esse kit, que é proposto, nada mais é do que tentar dar à população uma falsa sensação de segurança.
SEM MILAGRES
A reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a médica Lucia Pellanda, é cética quanto à eficácia de programas profiláticos. Segundo ela, o tema deve ser analisado à luz dos fatos e da ciência.
E cita que dois aspectos devem ser observados: o uso de medicamentos de forma individual ao paciente e, ainda, a adoção de eventuais kits desses fármacos junto à população como uma política pública da saúde.
- O coquetel que prevê cloroquina mais azitromicina pode desencadear problemas cardíacos. A azitromicina, por exemplo, é um antibiótico que produz resistência bacteriana. Ou seja, teremos diminuídas eventuais alternativas de tratamento da população em uma próxima infecção. E a situação fica ainda mais grave para um gestor que, porventura, queira adotar como política pública um tratamento que, sequer, tenha comprovação científica - detalha.
Frente à ausência de efeito ou, até mesmo, um efeito contrário da cloroquina, a reitora conclui:
- A cloroquina não é um milagre. A impressão, para muitas pessoas, é que tomando, ela pode sair por aí que estará imune e protegida. Não existe isso.